terça-feira, 8 de junho de 2010

CRÔNICA DA BRU: Copa de TPM

DE VITÓRIA/ES: Brunella França / Especial para o Panorama Brasil.

Essa overdose de verde e amarelo me irrita. Assim como as descaradas tentativas de enaltecer a atual seleção brasileira – ou o time do Dunga. Se você espera um texto empolgadinho, com algum slogan do tipo rumo ao hexa, esqueça. E também não falarei mal da Jabulani, já que considero ridícula a culpa pela falta de eficiência ser da bola. Então, às análises.

Dizem que temos a melhor defesa do mundo. Que ótimo! Mas ter o melhor ataque soaria tão mais empolgante... Exaltam que a arma do time é o contra-ataque rápido. Traduzindo: não temos meio-campo de criação, só corredores. Mas como seria isso possível pedir criatividade com Dunga no comando e seus três cabeças de área?

E enquanto outras seleções marcam amistosos pré-Copa com times pelo menos conhecidos, o Brasil se digna a jogar contra Zimbábue e Tanzânia. Sabemos que os dois países ficam na África. E o que mais?

Talvez que nunca tenhamos ouvido qualquer referência sobre o futebol dessas duas nações. A justificativa dada foi que as partidas eram os últimos testes. Para. Uma seleção que já está na Copa e teve quatro anos para se preparar ainda precisa de testes? Teste é quando o treinador ainda tem dúvidas sobre convocação e esquema tático, coisa que o nosso parece nunca ter tido. Então testar só se for a paciência alheia.

Outra desculpa que apareceu foi dizer que um jogo contra a seleção brasileira teria o objetivo de ajudar a levantar o futebol local, carente de investimentos. É pra rir? Parece que só a Confederação Brasileira de Futebol não sabe que Zimbábue e Tanzânia carecem de investimentos em todas as áreas! São dois dos países mais pobres do continente. E um jogo de futebol não supre quaisquer das necessidades básicas dos cidadãos de ambos os lugares.

Mas, já que os jogos aconteceram, vamos ao fatos. Os placares são os que menos interessam. Não é mérito algum vencer um confronto que pode ser comparado assim: o campeão brasileiro contra o rebaixado da quarta divisão. E ainda com pedidos de pouparem Kaká e Luis Fabiano, vindos de contusão. O que fica então desses dois amistosos? Nenhuma novidade!

Sem Kaká, não há meia de criação. E na reserva temos quem? Júlio Baptista! Ele não joga na mesma posição do Kaká, não tem as mesmas características do Kaká, mas é tido como reserva do meia do Real Madrid. Respira fundo e continuemos.

Felipe Melo, banco de reservas na Juventus, não justifica sua camisa de titular. E Ramires, que apesar de originalmente segundo volante mas usado por Dunga mais como armador, amarga o banco mesmo sendo superior ao seu colega de seleção. Fica a impressão que esse time do Brasil não pode jogar para frente de jeito nenhum, que mais importante do que fazer gols é não tomar gol de jeito nenhum. Mas a bola rola.

Nas laterais temos o Maicon na direita. Segundo alguns comentaristas, um bom lateral, apesar de ter deficiência nos cruzamentos. Para de novo. Se ele é um bom lateral, não deveria saber cruzar bem a bola? Para o que serve então um lateral? Próximo. Do lado esquerdo, o Michel Bastos. Eu só queria esclarecer que ele joga de meia-direita no Lyon da França há dois anos. E em trinta dias querem transformá-lo em lateral esquerdo. Enfim, em frente!

Enquanto o filho do Robinho ganha gols de presente, Luis Fabiano nada. Contra duas defesas fracas, o Brasil fez oito gols. Nenhum de seu “fabuloso” artilheiro. E tive ainda de escutar que esses dois jogos serviram para aperfeiçoar jogadas ensaiadas. É... Se aquelas são as ensaiadas, as de improviso eu não quero nem ver!

Agora, uma questão que realmente me intriga é o que exatamente o Kléberson está fazendo lá? Sim, porque ele é o reserva do reserva do reserva. Quase como um terceiro goleiro, com chances de entrar só se todos os outros machucarem.

Não tenho medo de dizer que essa seleção não representa o país e menos ainda o futebol brasileiro. Mesmo assim, há os que se recordam e teimam em fazer comparações com a seleção do tetra. Já digo que a comparação é impossível. Porque mesmo que o time de 94 jogasse com nove atrás e dois na frente, tínhamos um baixinho arrasador e um craque da camisa sete ao lado dele.

Tenho consciência de que posso estar complemente equivocada. Sei também que times retranqueiros podem ganhar e vencem campeonatos. E tenho ciência de que o futebol reserva surpresas e quase nunca obedece à lógica. Mas não custa relembrar um ensinamento de João Saldanha: “seleção é lugar dos melhores”.

FONTE / AUTOR: A autora é escritora e, chegando a ganhar o Prêmio Direitos Humanos 2004 de Redação, jornalista, além de fazer Assessoria de Comunicação na cidade de Vitória, Espírito Santo (ES). Veja a publicação de seu primeiro romance no site: www.abcles.com.br. O escrito, e publicação desta Crônica, é de responsabilidade sua e dos editores do Panorama Brasil. Brunella tambem estara no site Panorama de Noticias.

Nenhum comentário: