segunda-feira, 12 de abril de 2010

TRAGÉDIA: Bombeiros confirmam 230 mortos em todo o estado do RJ. Mas este número deve ser elevado

DE SÃO PAULO: Marcos Freire, editor Sul / Especial para o Panorama Brasil.

O numero de mortos em conseqüência das fortes chuvas que acometem o Rio desde a última segunda-feira (05) já chega a 230, segundo o Corpo de Bombeiros do estado.

Só em Niterói, cidade mais atingida da Região Metropolitana, 146 pessoas foram vitimadas.

O governador do estado, Sergio Cabral, informou que vai utilizar 1 bilhão de reais para remoção de casas localizadas em áreas de auto risco. “A politica de remoção serão para com aqueles que mais estão sofrendo. E isso será feito por meio de mapeamento”, afirmou.

Este trabalho com os afetados já começa a partir desta semana. De acordo com Cabral o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, assinará a liberação de 5 bilhões e 300 milhões de reais de recursos do plano de ajuste fiscal para o Rio de Janeiro.

O prefeito Fluminense, Eduardo Paes, anunciou neste domingo (11) a remoção, de forma impreterível, de moradores de pelo menos oito comunidades que estão em áreas de risco e mais quatro mil famílias serão removidas e irão receber um aluguel social no valor de 400 reais.

Mais de 200 homens do Corpo de Bombeiros continuam trabalhando no Morro do Bumba na esperança de encontrar pessoas com vida ou elevar o número de mortos.

Histórico trágico / Cidade alagada: chuvas de verão: Janeiro 1966-1967

Em janeiro de 1966 a pior tempestade do século paralisou o Rio de Janeiro. Quase 250 mm de chuva caíram sobre a cidade em menos de 12 horas, inundando suas artérias principais.

Deslizamentos de terra nas favelas causaram mais de 140 mortes. Os cariocas enfrentaram racionamento de gás, energia e água, contaminada por esgoto transbordando das galerias de águas pluviais. Até o Carnaval ficou ameaçado, e quase não saiu naquele ano.

As chuvas de 1966 evidenciam a sobreposição das políticas locais e nacionais.

As enchentes foram também um poderoso alerta sobre a vulnerabilidade do Rio para as chuvas de verão, especialmente para a camada mais pobre dos seus quatro milhões de habitantes.

Seja nas favelas empoleiradas nos morros, ou espalhadas nas planícies das margens da Baía de Guanabara, os pobres do Rio eram as principais vítimas das chuvas anuais.

Chuvas em 1970, 1980 e 1988, ainda que menos impressionantes em relação ao volume de águas, provocaram apaixonados debates sobre a responsabilidade do governo em prevenir desastres e remediar suas conseqüências.

No caso do Rio de Janeiro, a água sempre foi um problema crítico para a cidade, tanto na escassez quanto no excesso. Secas no século XIX convenceram D. Pedro II da urgência de proteger os mananciais do maciço da Tijuca, tomado por fazendas de café – e daí surge o projeto de reflorestamento da Floresta da Tijuca, por exemplo.

Se chuvas são fenômenos naturais, enchentes são fenômenos sociais. A partir do século XX, o impacto das enchentes se torna mais evidente no cotidiano da cidade.

De fato, chuvas excepcionais ocorreriam a cada cinco ou dez anos, de 1906 a 1962. Os pontos críticos de drenagem eram sempre os mesmos, os deslizamentos comuns, com ocasionais perdas de vidas humanas.

Normalmente, os primeiros 30 minutos de uma tempestade eram decisivos para distinguir um simples temporal de um desastre urbano.

Finalmente, em 11 de janeiro de 1966, uma tempestade violenta atingiu a cidade, As chuvas fortes e letais continuaram por mais uma semana, e provocaram o total colapso do sistema de transporte, assim como um “apagão” elétrico quase completo.

Como se não bastasse, no ano seguinte novas chuvas, em janeiro e fevereiro de 1967, igualmente excepcionais em dimensões, causaram mais de 100 mortes no Rio de Janeiro e traumatizaram a cidade.

A história das enchentes no Rio de Janeiro obviamente não se interrompe por aqui. Enchentes catastróficas na década de 70 ocorreram com intervalos menores, e os deslizamentos e alagamentos de ruas lembravam a população das enchentes de 66 e 67.

Em 1981, o Rio recebeu em um único dia de verão 15% da precipitação média anual – resultando em completo caos na cidade.

Fonte de pesquisa: Prograd-Maquinações.

Foto: Corpo de Bombeiros do RJ.


Marcos Freire é jonalista e responsável pela editoria Sul do Panora Brasil.

Um comentário:

Kleber Vieira disse...

Ainda existe possibilidades de mais deslizamento naquela localidade. Os Bombeiros devem ficar atentos a isso...