segunda-feira, 15 de março de 2010

LULA: além de não contestar possível convocação de Ronaldinho Gaúcho, o presidente falou sobre vários assuntos, inclusive Seleção e Dilma Roussef

DE SÃO PAULO: Marcos Freire, editor de plantão, com informações da Secretaria de Imprensa da República e Blog do Planalto / Especial no Panorama Esporte TV Brasil

A Secretaria de Imprensa da República esclarece por meio do Panorama Brasil, que vários sites de jornais ou especializados em esportes reproduziram ou estão reproduzindo falsas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o jogador Ronaldinho Gaúcho, do Milam.

Na entrevista concedida à agência de notícias Associated Press (AP), na última terça-feira (09), o presidente Lula não fez qualquer consideração específica sobre jogadores.

Ele apenas concordou com o critério do técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Dunga, de convocar os jogadores que estão em melhores condições e contam com a confiança dele para cumprir as orientações táticas.

O Panorama Brasil repercute, abaixo, trechos da exclusiva do Presidente Lula no qual falou sobre inúmeros assuntos, entre eles, o futebol.

Presidente: Estou pronto.

Jornalista: Eu gostaria [de saber] como é a saúde do Presidente depois do episódio que aconteceu antes de Davos, como o senhor se sente, e se foi um susto para o Presidente.

Presidente: Olha, foi mais uma bobagem do que um susto. Eu, sinceramente... Bom, eu, todo dia, todo santo dia, eu tiro a minha pressão, todo santo dia, ou seja, não é uma vez a cada 30 dias, é todo santo dia [que] eu tiro a minha pressão. E a minha pressão nunca sai de 11x7, portanto, eu não tenho problema. O que aconteceu é que eu tive três dias com uma agenda fora do normal. Eu fui ao Rio de Janeiro, chegamos aqui às 2 horas da manhã; depois levantamos cedo para trabalhar aqui; depois nós fomos ao Rio Grande do Sul, eu cheguei às 3 horas da manhã; e depois nós fomos para Recife, e era meia-noite quando eu comecei a sentir que eu estava com... eu estava com começo de bronquite, e aí a minha pressão subiu e eu fui parar no hospital.
Jornalista: Presidente, falando um pouco sobre a viagem que o senhor vai fazer a partir desta segunda feira (15) para o Oriente Médio, que papel o senhor vê para o Brasil para essa região que está em tanto conflito?

Presidente: Olhe, eu, às vezes, fico com a impressão de que as pessoas pensam que o Brasil está se oferecendo para ter alguma função no conflito do Oriente Médio. Primeiro, nós, brasileiros, respeitamos muito a autodeterminação de cada país escolher quem ele quiser como negociador, como interlocutor. O que o Brasil tenta explicitar publicamente a todos os presidentes com quem conversamos, aos palestinos, a israelenses, aos árabes, aos americanos, aos europeus, é que é preciso que a gente comece a pensar em novos interlocutores para a questão dos conflitos no Oriente Médio. O Oriente Médio clama por paz, é necessário que tenha paz, e o correto seria que nós tivéssemos, nas Nações Unidas, a representatividade suficiente para coordenar o processo de paz e executar o processo de paz.

Jornalista: O senhor acha que o Brasil pode entrar em uma guerra comercial com os Estados Unidos, a respeito dessa coisa, algodão... Foram publicados...

Presidente: Não, não. O Brasil, o Brasil não vai entrar em guerra. O que vai acontecer, o que vai acontecer é que os dois países têm muito juízo, os dois países têm uma diplomacia muito forte, os dois países são importantes na mesa de negociações da Organização Mundial do Comércio, os dois países vão sentar e vão se colocar de acordo. Veja, o Brasil está fazendo apenas aquilo que a OMC recomenda ao Brasil fazer. Quem está desrespeitando as regras do comércio internacional são os Estados Unidos da América do Norte. Então, o que o Brasil está fazendo é apenas cumprindo à risca aquilo que manda a normatização do comércio internacional. Cabe aos companheiros americanos perceberem que estão equivocados e voltarem atrás para que a gente volte à normalidade.

Jornalista: Presidente, entrando agora um pouco para o tema das eleições. Como você vê a Dilma posicionada agora, daqui até outubro, e você acha que aquele machismo que existe no Brasil e na região da América Latina pode ser... pode atrapalhar a candidatura dela?

Presidente: Olha, a primeira demonstração de que o machismo será derrotado foi a minha decisão. Por que eu indiquei uma mulher e não um homem? É porque eu acho que nós já vencemos essa etapa do preconceito contra a mulher. Se ele existir, ele é minoritário, ainda, na cabeça de reacionários. O que a pessoa precisa levar em conta para eleger um presidente é saber se a pessoa tem competência política, tem qualificação profissional e tem sustentação política. A Dilma tem tudo isso.

Jornalista: Presidente, eu queria aproveitar para pedir um palpite para o senhor sobre a Copa do Mundo na África do Sul. Como acha que vai estar o Brasil aí nessa Copa? Dunga falou uma coisa: que jogador que está fora da Seleção é melhor do que o que está dentro. O senhor acha que está faltando algum jogador na Seleção?

Presidente: O que o Dunga falou?

Jornalista: Que jogador bom é aquele que está fora, que não é convocado, não é? O jogador ruim é aquele que está dentro. Acho que, um pouco, falando sobre o caso Ronaldinho.

Presidente: Bem, eu acho que o Dunga fala com autoridade moral. É importante lembrar que em [19]90 o Dunga foi acusado do fracasso da Seleção brasileira na Itália, não é? E, em [19]94, o Dunga voltou e foi campeão do mundo nos Estados Unidos, como capitão da Seleção brasileira. No Brasil é o seguinte: cada um de nós é um técnico. O Brasil tem 190 milhões de técnicos, todo mundo é metido a entender de futebol. Então, normalmente acontece. O técnico, que tem a responsabilidade de consultar seus assessores e convocar, de repente as pessoas ficam dizendo: “Ah, mas tal jogador que não foi convocado é melhor”. Se tem uma coisa que eu gosto no Dunga é que ele está convocando jogadores que, naquele momento, estão jogando melhor. Esse é um critério. O outro critério é o critério da confiança. Não basta o jogador ser bom, é preciso saber se o jogador tem a confiança do técnico no cumprimento das orientações táticas que o técnico dá, porque futebol é um esporte coletivo, ou seja, não basta você ficar rebolando sozinho, você tem que chegar no gol do adversário e marcar gol. E eu acho que o Dunga está fazendo um bom trabalho de equipe. Então, eu ... O Dunga tem sido um técnico de sucesso no Brasil, mais do que muita gente famosa que dirigiu a Seleção brasileira.

Jornalista: Tem condições de ganhar, o Brasil, essa Copa?

Presidente: Veja, o meu otimismo é tanto, que esses dias eu estava no México, com o presidente Calderón, e o presidente Calderón perguntou a mim se eu ia à abertura da Copa do Mundo, na África. Eu disse: à abertura eu não vou, eu vou ao encerramento da Copa do Mundo, na África, eu vou à final. Porque eu vou fazer, eu vou fazer uma viagem por cinco países africanos. Na sexta-feira que antecede a Copa do Mundo, eu quero fazer uma visita de Estado à África do Sul, no sábado eu descanso e no domingo eu vou ver a final. Mesmo que não seja o Brasil, eu teria que estar lá porque, como o Brasil vai sediar 2014, nós teríamos que participar do encerramento lá.

Jornalista: Deixamos o tema de 2014, entramos para 2016, o senhor acha que o Brasil está pronto para sediar a Copa e para os Jogos de 2016? E o Presidente acha que vai estar no mandato para os Jogos Olímpicos de 2016?

Presidente: Olha, primeiro, o Brasil está pronto para... o Brasil vai se preparar para chegar em 2014, [para] o Brasil realizar a mais importante Copa do Mundo que vocês já participaram. Eu espero que todos vocês estejam aqui como jornalistas para poder cobrir a Copa do Mundo. Acho que vai ser um bom momento para o Brasil. E depois as Olimpíadas. O Brasil... nós vamos trabalhar duro, eu vou trabalhar enquanto brasileiro, enquanto cidadão brasileiro, muito duro, para que a gente possa realizar uma grande Olimpíada. Porque é importante a gente mostrar ao mundo que os Jogos Olímpicos não são um evento esportivo de primeiro mundo e que o Brasil tem condições de realizar Jogos Olímpicos extraordinários. O que nós precisamos é ganhar muita medalha, e aí nós precisamos incentivar o esporte e trabalhar muito o esporte. Ora, eu sei que a única coisa que eu espero é estar vivo para poder participar dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo como torcedor. As pessoas perguntam: “Você vai voltar em 2014?” É uma pergunta muito difícil de responder, porque a Dilma, eleita presidente, e ela estando bem, é direito legítimo dela querer ser candidata à reeleição. Ora, senão você estará ferindo o princípio da isonomia. Então, para mim, o que importa é estar vivo e estar lá vendo as Olimpíadas, onde o Brasil vai ganhar muita medalha, e certamente a Copa do Mundo, onde nós vamos ganhar. Não é possível que o Brasil não ganhe a Copa do Mundo aqui, que repita [19]50. De qualquer forma, o Brasil está mais estruturado.

Jornalista: Presidente, muito obrigado.

Presidente: Muito bem. Obrigado a vocês.

FOTO: Ricardo Stuckert/PR. Presidente Lula ensaia golpes de box com um menino da Rocinha.

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O autor é jornalista e responsável pela Central Panorama Centro-Sul

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