sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

ARTHUR NETO: concede entrevista ao Jornal do Commercio/AM.

DE MANAUS: Especial para o Panorama.
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A luta para que os incentivos à produção dos set-top boxes fossem exclusividade da ZFM (Zona Franca de Manaus) e o combate à criação das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) foram alguns ‘fogos cruzados’ em que o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) se envolveu em 2007. Em entrevista ao Jornal do Commercio, o parlamentar afirmou que apesar de toda a festa que se fez no Amazonas com a aprovação da MP-352, a TV Digital não está assegurada ao Estado. Para Artur, pior do que essa incerteza é a aprovação da Medida Provisória das ZPEs no Senado, que segundo ele são a ameaça mais séria já enfrentada pelo modelo ZFM.
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Confira a entrevista:

Jornal do Commercio - Em 2007 a bancada do Amazonas travou batalhas importantes no Senado, entre elas a MP-352 e o projeto de Lei das ZPEs. Após a aprovação da MP, tudo indicava que a produção do conversor seria exclusividade do Estado. No entanto, nos últimos meses o ministro das Comunicações, Hélio Costa, levantou novamente a bandeira dos incentivos para todo o país e criticou duramente o PIM (Pólo Industrial de Manaus), alegando que os preços são absurdos. Como a bancada está se movimentando no sentido de impedir que a produção do set-top box seja “compartilhada” com as demais regiões? Arthur Neto - Isso tem um lado trágico e um lado pedagógico, que é começar a colocar por terra uma criancice de que o PSDB e São Paulo são contra a Zona Franca, até porque o Ministro Hélio Costa é do PMDB, mesmo partido do governador Eduardo Braga. O que existe na verdade é o interesse econômico de cada Estado e de cada região. Sempre disse que se o governador José Serra tivesse sido derrotado na eleição para governador de São Paulo, teríamos os mesmos problemas com o Aloizio Mercadante (PT-SP), até porque o dever fundamental dele seria defender o Estado que o elegeu.
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JC – O senhor mencionou que o PSDB e São Paulo não são contra a Zona Franca, mas no fim de 2006 o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, que assumiu porque o Geraldo Alckmin disputou a eleição presidencial, elevou de 12% para 18% o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado sobre os monitores produzidos em Manaus e vendidos em São Paulo.
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AN – A medida foi feita pelo Cláudio Lembo (DEM), com a concordância do Alckmin e a ciência do Serra. O Serra é meu amigo fraterno. Ele disse: “Não fui eu que fiz”. E eu respondi: “Se não foi, revoga. Se você está discordando disso e afirma que foi o Lembo, tem duas coisas: ou você acha que eu sou burro e você é a primeira pessoa que diz isso. Mas se foi o Lembo, revoga, já que você não tem nada a ver com o governo dele”. Essa foi uma decisão de São Paulo. O Alckmin não se queimou porque o Lembo assinou e o Serra concordou.
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JC – Outra questão que parecia adormecida e novamente preocupa é a MP das ZPEs, que foi aprovada dando o direito de as indústrias comercializarem os 20% no mercado interno. Recentemente, o senador Jefferson Peres afirmou que essa batalha perdida pode nos levar a perder a guerra. Essa também é a sua impressão?
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AN - Estou vendo que a mãe de todas as batalhas está por vir, que é a das ZPEs. Pode ser que não tenhamos como escapar. Não tínhamos força para enfrentar tanta gente no Senado. Isso marcou uma relação minha com o senador José Sarney (PMDM-MA). Outro dia ele me disse que a Zona Franca não é prejudicada pelas zonas de processamento. Eu respondi que tinha convicção do contrário, assim como discordei da política econômica do governo dele, que no último mês deixou uma inflação de 84%.
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JC - O senhor acha que a ZPE foi uma moeda de troca do governo na tentativa de aprovar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)? AN - Foi uma moeda de troca sim, mas não por causa da CPMF. Em troca do apoio do senador José Sarney e de sua bancada, em troca do apoio de segmentos importantes do Nordeste. É uma hora que eu me sinto impotente, porque com qualquer outro tema eu consigo paralisar o Senado. Mas com a ZPE eu não consigo.
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JC – Nos próximos anos, o que o senhor ainda quer realizar como representante do Amazonas no Senado? AN - Surpreenderam-me agora pela sexta vez me elegendo como líder do partido e eu espero sinceramente que seja a última porque eu quero ter esses dois últimos anos do mandato para me dedicar mesmo a outros assuntos de mais profundidade. JC – Que matérias serão o seu foco?
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AN - Estou começando a entrar muito nessa história de aquecimento global, pra valer. A liderança me coloca falando muito de assuntos gerais. Queria os dois últimos anos pra ter mais liberdade pra cuidar da minha reeleição, mais tempo pra visitar meus companheiros no Estado do Amazonas. Tempo também pra estudar, pegar uma matéria importante e relatar profundamente.

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